Uma das mais difíceis tarefas na
área de Higiene Ocupacional é a elaboração de um plano de amostragem.
Para uma boa construção de um
plano de amostragem o profissional deverá não apenas conhecer profundamente a
área de segurança no trabalho, mas ser um profundo conhecedor de processos e a
relação dos mesmos com a variação da exposição dos trabalhadores.
Ao longo dos anos em minha
experiência como docente e treinador de profissionais técnicos na área, sempre
enfatizo a seguinte frase: Para ser um excelente técnico em segurança no
trabalho devemos ser um excelente conhecedor de processos.
A prática de uma análise
simplista em higiene ocupacional pode comprometer a estrutura de um plano
amostral. Compreender uma coisa em cada uma de suas partes exige estudo,
dedicação e empenho.
Temos visto a evolução de
equipamentos que realizam quantificação de contaminantes ambientais com
precisão e rapidez, porém fica uma pergunta no ar: Será que a respectiva
quantificação representa a realidade da exposição do trabalhador?
No mercado existe uma confusão em
relação ao perfil do higienista ocupacional limitando sua atuação há uma falsa
de ideia de um utilizador de equipamentos e isso não é verdadeiro. As competências e habilidades que
permeiam essa especialidade exige um profundo conhecimento em análise de riscos,
processos, materiais industrias e suas aplicações, interpretação das
características químicas das substâncias e seus comportamentos que são os
subprodutos gerados a partir da relação das substâncias e suas aplicações em processos
de trabalho/ industriais.
Todos esses fatores, influenciam
na maturidade da construção de um plano de amostragem significativo e assertivo.
No Brasil, a prática da higiene ocupacional ainda não é muito difundida, fator
que dificulta o entendimento do empresário na contratação e realização desses
serviços que são essenciais para o gerenciamento do risco e perigo em seus
processos.
Essa condição, faz com que as
empresas exijam dos profissionais em higiene ocupacional amostragens pontuais
em EMRs – Expostos de Maior Risco que em vários cenários não são eficazes
trazendo apenas uma primeira referência de um cenário de exposição onde as
variáveis do processo e da intensidade da exposição não são estudadas.
Um bom plano de amostragem deve
enaltecer a multidisciplinaridade na busca do conhecimento da situação problema
em análise. Fator que compromete o investimento das empresas, uma vez que pela
falta de planejamento as análises quantitativas se fragilizam em relação a sua
confiabilidade para tomada de decisão, seja de cunho técnico ou legal.
Atualmente, creio ser um dos
primeiros profissionais registrados em carteira profissional como Higienista
Ocupacional, mas ainda falta muito para termos uma representatividade autônoma
e desvinculada de outras profissões no aspecto legal e também científico. Porém,
creio no fortalecimento progressivo desta profissão devido a demanda emergente
do monitoramento da saúde dos trabalhadores e da compreensão cada vez mais
profunda das causas das alterações dos indicadores biológicos de exposição dos trabalhadores.
Quanto maior a percepção dos
profissionais em relação ao todo mais “pistas” teremos para compreender o
comportamento dos materiais em uso nos mais variados processos, aguçando nossos
sentidos e técnica para melhoria contínua do nosso trabalho.
Gostaria de deixar uma reflexão
contida no livro “DE MORBIS ARTIFICUM
DIATRIBA” de Bernardino Ramazzini:
“ Os vapores de enxofre mudam a tonalidade das rosas, disse o poeta. ”
Por que? Fica o desafio!
Fabio Alexandre Dias