É comum na cidade de São Paulo vermos trabalhadores tapando buracos nas
avenidas e rodovias principais. Também é comum vermos trabalhadores sem
proteção alguma desenvolvendo está atividade. Será que a causa é a falta de
fiscalização dos municípios e estados em relação a seus prestadores serviços? Um
dos problemas são os danos que os fumos oriundos dos processos de pavimentação asfálticos
geram a saúde dos trabalhadores.
A primeira pergunta que paira em nossas mentes é a seguinte: O que são
fumos? Fumos são aerodispersóides gerados termicamente, constituídos de partículas
sólidas formadas pela condensação de vapores, geralmente após volatilização de
substância sólida fundida.
A exposição ao risco ocorre quando estes fumos alcançam a zona
respiratória dos trabalhadores, sendo inalados e suas partículas alojando-se ao
longo do sistema respiratório em micro frações, que variam de tamanho, podendo
futuramente gerar danos à saúde dos trabalhadores devido a uma exposição
crônica.
O asfalto é um resíduo derivado de Petróleo, também comumente conhecido
como piche e betume, sendo uma mistura composta de diversas substancias, das
quais destacaremos os Hidrocarbonatos Aromáticos Policíclicos - (HAP) que são capazes de reagir, após processos
de biotransformação, ativando as enzimas
do citocromo P450, causando danos ao DNA tornando-se potenciais carcinogênicos
e mutagênicos. Para maiores informações uma consulta pode ser feita na base de
dados da International
Agency for Research on Cancer – IARC em http://www.cancer-environnement.fr/479-Classification-par-localisations-cancereuses.ce.aspx.
O betume asfáltico está classificado como agente de orientação
limitada, ou seja, foi estabelecido nexo causal (evidência suficiente para
relacionar a patologia com causa provável na exposição do trabalhador ao agente
de risco), porém, fatores de interferência e casuais não podem ser descartados
para explicar o aparecimento do câncer.
Quando temos este cenário é importante que façamos uma coleta amostral da
exposição dos trabalhadores aos fumos oriundos dos processos de pavimentação asfálticos
ou de manutenção das rodovias para aferirmos os níveis de exposição a que estão
submetidos. Após os resultados, podemos complementar ações para redução ou
melhoria dos cenários de exposição que devem ser analisados criteriosamente,
pois, do contrário, apenas teremos em mãos formulários e resultados sem
conseguirmos interpretá-los de modo técnico para ações assertivas.
É sempre importante lembrar que os aspectos metodológicos para a coleta
das amostras devem ser amplamente respeitados. Para maiores informações a base
de dados do National Institute for
Occupational Safety and Health - NIOSH pode ser consultada. No caso
do fumo asfáltico o método mais adequado é o NIOSH 5042 que pode ser encontrado em https://www.cdc.gov/niosh/nioshtic-2/20043981.html e https://www.cdc.gov/niosh/npg/npgd0042.html
Nós, profissionais da área de Segurança e Saúde no Trabalho, temos o
dever de orientarmos tanto os empregadores como os trabalhadores a respeito das
medidas preventivas a serem tomadas para redução da exposição ocupacional dos
trabalhadores, assim como conscientizá-los da importância do uso dos
equipamentos de proteção individual, uma vez que fornecidos.
Fabio Alexandre Dias 23/07/2016