Prevenção e Comunicação de Risco

Sem dúvida o locus da ação dos profissionais de saúde e segurança no trabalho.

Gerenciamento de Riscos

Fundamental para a redução de perdas.

Saúde e Segurança

Conectadas em prol de nossos trabalhadores.

Higiene Ocupacional e Toxicologia

Ciências unidas na qualificação e quantificação de agentes ambientais.

Parâmetros Regulatórios e de Controle

A dinâmica do trabalho exige uma constante validação dos processos e análise das tarefas.

sábado, 5 de novembro de 2016

Análise Global de Riscos - INSHT ESPANHA

Etapas do processo de análise global dos riscos.
Um processo de análise global dos riscos é composto das seguintes etapas:

Classificação das etapas de trabalho
Um passo importante para a realização de uma análise prévia é a organização do trabalho a ser realizado através de uma listagem classificada por setor, cargo e descrição de atividades. Vejamos algumas das maneiras para classificarmos as atividades de trabalho:
A.                 Reconhecimento das instalações e classificação das áreas entre internas e externas;
B.                 Fases do processo produtivo ou da prestação de um serviço;
C.                 Planejamento e processo de execução das tarefas;
D.                 Atividades definidas, como por exemplo, operador de máquina empilhadeira, etc.

Coleta de informações e demais aspectos das atividades de trabalho que podem ser analisados:
  • Tarefas realizadas, sua duração e frequência;
  • Locais onde o trabalho é feito;
  • Quem faz o trabalho, sua habitualidade, eventualidade ou ocasionalidade;
  • Outras pessoas que possam ser afetadas por atividades de trabalho (por exemplo, setores no entorno, visitantes, subcontratados, público em geral);
  • Condição de capacitação e formação dos trabalhadores para a execução das suas tarefas;
  •  Procedimentos para realização dos trabalhos devidamente organizados, documentados que         comprovem a ciência do trabalhador;
  •  Condição das instalações, máquinas e equipamentos utilizados;
  • Ferramentas manuais motorizadas utilizadas;
  • Observância das instruções dos fabricantes e fornecedores para a operação e manutenção de instalações, máquinas e equipamentos;
  • Tamanho, forma, características superficiais e peso de cargas a serem manuseados;
  • Aspectos relacionados com a movimentação cargas, como distância e altura;
  • Métodos e mecanismos de transporte utilizados;
  • Substâncias e produtos utilizados e gerados nos processos produtivos que se relaciona direta ou indiretamente com o trabalho;
  • O estado físico das substâncias utilizadas (fumos, gases, vapores, líquidos, pó, sólidos).
  • Conteúdo e recomendações da FISPQ – Ficha de Informação de Segurança de Produtos Químicos e da rotulagem das substâncias utilizadas.
  •  Requisitos da legislação em vigor sobre a forma de fazer o trabalho, instalações, máquinas e substâncias utilizadas.
  • Medidas de controlo existentes.
  •  Ações corretivas com base no histórico de incidentes, acidentes, doenças ocupacionais decorrentes da atividade desenvolvida equipamentos e, substâncias utilizadas nos processos produtivos. A informação deve ser procurada dentro e fora da organização;
  •  Formas de gerenciamento dos riscos relacionadas com as atividades existentes;
  • Organização do trabalho.


Análise de Risco

Identificação do Perigo
Podemos adotar três questionamentos básicos para identificação do perigo, são eles:
A.                 Existe uma ou mais fontes geradoras de dano?
B.                 O que (ou quem) pode ser danificado?
C.                 Como podem ocorrer os danos?

A fim de auxiliar no processo de identificação de perigos, é uma boa prática classificá-los de diferentes maneiras, por exemplo, por temas: mecânica, elétrica, radiação, produtos químicos, incêndios, explosões, etc...

De maneira geral, com vistas a complementar a identificação de perigo, podemos adotar uma lista de perguntas, como por exemplo: Durante as atividades de trabalho, quais são os perigos existentes?  

  • Contusões e cortes;
  • Queda do mesmo nível;
  • Queda de pessoas em desníveis;
  • Queda de ferramentas, materiais, etc., em atividades realizadas em altura;
  • Arranjo físico inadequado;
  • Atividades em confinamento;
  • Riscos associados à movimentação manual de cargas;
  •  Riscos em instalações e máquinas associados com a montagem, transporte, operação, manutenção, transformação, reparação e remoção de insumos produtivos e/ou inerentes à natureza do serviço prestado;
  • Transportes veiculares perigosos, tanto o transporte interno e transporte rodoviário;
  • Ocorrência de incêndios e explosões;
  • Substâncias que podem causar dano ao serem inaladas;
  • Substâncias ou agentes que podem danificar os olhos;
  • Substâncias que podem causar danos por contato ou absorção através da pele;
  •  Substâncias que podem causar danos quando ingerido;
  • Fontes de energia perigosas, como por exemplo, eletricidade, radiação, ruído e          vibração;
  • Perturbações musculoesqueléticas resultantes de movimentos repetitivos;
  •  Ambiente térmico inadequado;
  •  Iluminação inadequada;
  • Rotas de fuga e de ações emergenciais obstruídas, inadequadas ou inexistentes.

 As perguntas acima não são exaustivas, porém, norteadoras, para que uma análise de riscos seja minimamente suportada por informações basais que auxiliem na percepção dos fatores que impactam as atividades de trabalho, na segurança dos trabalhadores e das instalações.

Estimativa do risco

Determinando a severidade do dano
Para determinar a gravidade potencial dos danos devem ser considerados:
a) as partes do corpo que serão afetados;
b) natureza do dano, graduando-o de ligeiramente danoso até extremamente danoso.

Exemplos de ligeiramente danoso (LD):
• danos superficiais: pequenos cortes e contusões, poeira que provocam irritação nos olhos;
• desconforto e irritação, por exemplo: dor de cabeça.
  
Exemplos de danoso (D):
• lacerações, queimaduras, choques, entorses, fraturas importantes menores.
• A surdez, dermatite, asma, desordens músculo-esqueléticas, uma doença que leva a uma deficiência menor.

Exemplos de extremamente danoso (ED):
• As amputações, fraturas principais, envenenamento, lesões múltiplas, lesões fatais.
• Câncer e outras doenças crónicas que encurtam drasticamente a vida ou incapacidade permanente para o exercício do trabalho.

Probabilidade da ocorrência do dano
A probabilidade de que o dano ocorra pode mudar de baixa para alta, com os seguintes critérios:

Alta probabilidade: o dano ocorrerá sempre ou quase sempre;
probabilidade média: o dano ocorrerá em algumas ocasiões;
Baixa probabilidade: o dano irá ocorrer raramente.

Ao estabelecermos a probabilidade da ocorrência de danos, devemos considerar as medidas de controle implementadas, sua efetividade, aspectos legais e de boas práticas e medidas de controle específicas, sejam de cunho administrativo ou de engenharia.

Além das informações sobre as atividades de trabalho, devemos considerar outros fatores, como:

  1. Trabalhadores particularmente sensíveis a certos riscos (características pessoais ou da condição biológica);
  2. A frequência da exposição ao perigo (habitualidade, eventualidade e ocasionalidade);
  3. Falhas na operação dos processos e/ou serviços;
  4.   Problemas nas instalações, componentes de máquinas e equipamentos, bem como seus dispositivos de segurança;
  5. Os processos de trabalho e a exposição do trabalhador aos elementos de máquinas, equipamentos sem proteção e condições gerais dos postos de trabalho.
  6. Capacidade protetiva do EPI e o tempo de uso deste equipamento;
  7. Histórico e/ou registro de atividades realizadas abaixo dos padrões previamente estabelecidos, incidentes e acidentes.





Tabela de Níveis de Risco



CONSEQUÊNCIAS
Ligeiramente danoso
(LD)
Danoso
(D)
Extremamente danoso
(ED)
PROBABILIDADE

BAIXA (B)

Risco trivial         (T)
Risco Tolerável (TO)
Risco moderado
(MO)

MÉDIA (M)

Risco Tolerável (TO)
Risco moderado
(MO)
Risco importante
(I)

ALTA (A)

Risco moderado
(MO)
Risco importante
(I)
Risco intolerável
(IN)

 Avaliação e tomada de decisão sobre a tolerabilidade dos riscos
Os níveis de risco indicados na tabela acima, constituem uma base para tomada de decisão para introdução de novos controles e melhoria dos existentes, e nortear um as ações referentes aos prazos para implementações de ações recomendadas em programas de prevenção e gerenciamento de riscos. A tabela também indica os esforços necessários para controlar os riscos e a urgência com que eles devem ser implementados de maneira proporcional aos riscos analisados.
    
Riscos
Ações e tempo especificado
Trivial (T)
Não se requer ação específica
Tolerável (TO)
Não há necessidade de melhorar a ação preventiva. Porém deve ser considerada a implementação de mais soluções de baixo custo ou melhorias que não apresente um peso econômico significativo. Verificações periódicas são necessárias para garantir que a eficácia das medidas de controle que estão sendo mantidas.


Moderado (MO)
Devem ser feitos esforços para reduzir o risco, determinar os investimentos necessários. As medidas para reduzir o risco devem ser implementadas em um período determinado. Quando o risco moderado está associado com consequências extremamente prejudiciais, serão necessárias novas medidas e estudos para estabelecer com maior precisão, a probabilidade de danos, como base para a determinação da necessidade de medidas de controle melhoradas.

Importante (I)
O trabalho não deve ser iniciado até que tenha sido reduzido o risco. Pode exigir recursos consideráveis para o controle de risco. Quando o risco corresponde a um trabalho que está sendo feito, o problema deve ser remediado em menos tempo do que os riscos moderados.

Intolerável (IN)
Não se deve começar ou continuar o trabalho até que haja redução do risco. Se não é possível se reduzir o risco, mesmo com recursos ilimitados, o trabalho dever ser paralisado de modo imediato e sua continuidade proibida até a implementação de soluções que garantam a integridade física e saúde dos trabalhadores.


Traduzido e adaptado de: http://www.insht.es/portal/site/Insht/ 
Por Fabio Alexandre Dias 

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Compostos Orgânicos Voláteis - COVs

Em um passado recente uma substância comumente utilizada para alisamento dos cabelos era o formaldeído, aplicado sobre os cabelos nas famosas escovas progressivas. O formaldeído faz parte de um grupo de substâncias mais amplo conhecido e classificado como COVs – Compostos Orgânicos Voláteis.  Uma de suas maiores aplicações está relacionada à área industrial como solventes orgânicos. Tal aplicação coloca em evidência a necessidade de estudos relacionados à suas características devido à capacidade destas substâncias agirem sobre o sistema biológico dos trabalhadores devido a sua toxicidade, ou seja, característica de uma molécula ou composto produzir um efeito adverso no indivíduo.

Mas o que seria um efeito adverso? De maneira simples, uma oxidação celular gerada pela ação de um dado solvente que por via respiratória ou contato acessou o compartimento central (sangue) do individuo exposto. Efeitos narcóticos relacionados à supressão do SNC – Sistema Nervoso Central, etc.

As principais vias de ação dos COVs são a dérmica e a respiratória que potencializam os riscos e perigos em plantas industriais dos mais variados seguimentos.  O potencial de dano destas substancias estarão relacionados a diversos fatores, dentre eles: susceptibilidade individual, tipo de exposição, aguda ou crônica, fatores sinérgicos, etc.

Tomando como base o formaldeído teríamos um limite de exposição de curta duração (STEL), de 0,3 ppm ( partes de vapor ou gás por milhões de partes do ar contaminado por volume, nas CNTP – Condições Normais de Temperatura e Pressão) , segundo a ACHIG – American Conference of Governamental Industrial Hygienistis. Que representa um valor médio que não pode ser ultrapassado em ciclos de 15 minutos durante toda a jornada de trabalho. Também classificado como sensibilizante dérmico e respiratório, além de ser um suspeito carcinogênico humano.

Os COVs não estão distantes de nós em nossa vida cotidiana, sendo mais presentes do que imaginamos. Acetona, Álcool Isopropílico, Solventes e Vernizes, Combustíveis Fósseis, etc. são apenas algumas substâncias que serão mais ou menos percebidas por uma pessoa leiga em ambientes semiconfinados e com pouca ventilação.  Devemos ter atenção no uso e seguirmos as recomendações dos fabricantes de modo integral.

No caso do formaldeído, segundo a FISPQ – Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos de um grande fabricante, percebemos que estudos em animais trazem classificações de letalidade a partir de determinadas condições caso a exposição ocorra por via oral, cutânea ou respiratória. Voltando ao exemplo da escova progressiva praticada com formaldeído, teríamos a exposição cutânea e respiratória, potencializada pelo aquecimento com a famosa “chapinha” e de modo cutâneo pela capilaridade e adsorção do contaminante pelos fios de cabelo chegando à epiderme, folículos, etc.

  Atualmente a indústria cosmética substitui o formaldeído por um ácido chamado glioxílico que teoricamente só desprenderia formaldeído a temperaturas acima de 500ºC, porém muito se discuti sobre está questão.

Em oficinas mecânicas e funilarias de bairro percebemos uma intensa exposição aos COVs , devido a prática de trabalho sem nenhum critério ou proteção individual. Na maioria dos casos os trabalhadores desconhecem os efeitos adversos das substâncias e se “resguardam” no mito do copo com leite, supondo erroneamente que o mesmo inibe algum efeito adverso.

A falta de informação e educação sobre o convívio seguro com substâncias químicas tem impactado os indicadores de saúde pública, onde nem sempre o nexo causal foi corretamente determinado pela CID – Classificação Internacional de Doenças, pela omissão de informações por parte dos pacientes e despreparo de muitos profissionais no momento de uma anamnese (entrevista realizada pelo profissional de saúde ao seu paciente).


Nas indústrias o SESMT – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho é responsável pela gestão do risco e da saúde dos trabalhadores. Devendo chamar para si está responsabilidade e não apenas terceirizá-la a falta de dinâmica de muitos empregadores. Ações simples fazem toda a diferença e nem sempre existe a necessidade de grandes orçamentos para uma mudança de cultura corporativa. 

Por Fabio Alexandre Dias 11/02/2016