Prevenção e Comunicação de Risco

Sem dúvida o locus da ação dos profissionais de saúde e segurança no trabalho.

Gerenciamento de Riscos

Fundamental para a redução de perdas.

Saúde e Segurança

Conectadas em prol de nossos trabalhadores.

Higiene Ocupacional e Toxicologia

Ciências unidas na qualificação e quantificação de agentes ambientais.

Parâmetros Regulatórios e de Controle

A dinâmica do trabalho exige uma constante validação dos processos e análise das tarefas.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Fumos Metálicos


 Uma das principais e mais comuns fontes geradoras de risco relacionada a exposição ocupacional a fumos metálicos é o processo de soldagem elétrica. Ocorre um processo de fusão de materiais por calor gerado através de um arco elétrico entre o material a ser soldado com o material fundente do eletrodo.

 No processo, desprende-se todo material que compõe o eletrodo e o material fundente que se liquefaz pela fusão que instantaneamente se solidifica gerando partículas minúsculas que ficam em suspensão no ar. Outra questão que envolve este processo são os gases de proteção gerados para evitar a entrada de oxigênio na solda para evitar bolhas e fissuras.

Fonte: http://www.esab.com.br/br/pt/education/blog/processo_soldagem_eletrodo_revestido_mma_smaw.cfm

  A questão, do ponto de vista ocupacional, é que todos estes componentes oferecem em certas concentrações riscos à saúde dos trabalhadores. Serralherias são tão comuns como marcenarias nos bairros da cidade de São Paulo e o que percebemos são espaços pequenos sem exaustão e com baixo pé direito. Sendo assim, existe uma concentração de fumos metálicos que requer atenção dentro da rotina diária. A maioria destes profissionais são autônomos e, às vezes, não tem o mínimo de instrução e orientação sobre os riscos de seu ofício.  Porém, este risco não se resume apenas a soldagem elétricas, mas aplica-se também a fundições, processo de extrusão metálica, etc.

  Para uma correta ação de controle deve-se quantificar as partículas em suspensão para um dimensionamento adequado de sistemas exaustores localizados com real capacidade de exaurir de maneira eficaz os contaminantes existentes o ar.

  O que avaliar? Depende dos materiais e características dos metais envolvidos com o processo fundente e demais substancias que componham o processo como, por exemplo, pastas de solda em processo de solda a estanho. Veja um ótimo material da Elbras que pode dar dimensão as orientações sobre a necessidade de se estudar os processos fundentes e o que devemos saber quando praticamos a ARAC em: http://www.elbras.com.br/downloads/apresentacaoii.pdf .

  Qualificar os riscos é tão importante quanto quantifica-los, não basta apenas realizar medições se não sabemos o que deve ser medido. No Brasil, ainda não existe uma cultura de implementação do PPR – Programa de Proteção Respiratória e nem uma correta abordagem das exposições e medidas de controle propostas em PPRAs – Programas de Proteção de Riscos Ambientais.

  Um respirador purificador de ar, descartável, tipo peça semi-facial, classe PFF2 seria recomendado para uma proteção inicial até que as avaliações ambientais sejam realizadas, porém, cada caso é um caso, e um profissional especializado deve ser consultado para tal especificação.

Fabio Alexandre Dias 15/12/2016


sábado, 5 de novembro de 2016

Análise Global de Riscos - INSHT ESPANHA

Etapas do processo de análise global dos riscos.
Um processo de análise global dos riscos é composto das seguintes etapas:

Classificação das etapas de trabalho
Um passo importante para a realização de uma análise prévia é a organização do trabalho a ser realizado através de uma listagem classificada por setor, cargo e descrição de atividades. Vejamos algumas das maneiras para classificarmos as atividades de trabalho:
A.                 Reconhecimento das instalações e classificação das áreas entre internas e externas;
B.                 Fases do processo produtivo ou da prestação de um serviço;
C.                 Planejamento e processo de execução das tarefas;
D.                 Atividades definidas, como por exemplo, operador de máquina empilhadeira, etc.

Coleta de informações e demais aspectos das atividades de trabalho que podem ser analisados:
  • Tarefas realizadas, sua duração e frequência;
  • Locais onde o trabalho é feito;
  • Quem faz o trabalho, sua habitualidade, eventualidade ou ocasionalidade;
  • Outras pessoas que possam ser afetadas por atividades de trabalho (por exemplo, setores no entorno, visitantes, subcontratados, público em geral);
  • Condição de capacitação e formação dos trabalhadores para a execução das suas tarefas;
  •  Procedimentos para realização dos trabalhos devidamente organizados, documentados que         comprovem a ciência do trabalhador;
  •  Condição das instalações, máquinas e equipamentos utilizados;
  • Ferramentas manuais motorizadas utilizadas;
  • Observância das instruções dos fabricantes e fornecedores para a operação e manutenção de instalações, máquinas e equipamentos;
  • Tamanho, forma, características superficiais e peso de cargas a serem manuseados;
  • Aspectos relacionados com a movimentação cargas, como distância e altura;
  • Métodos e mecanismos de transporte utilizados;
  • Substâncias e produtos utilizados e gerados nos processos produtivos que se relaciona direta ou indiretamente com o trabalho;
  • O estado físico das substâncias utilizadas (fumos, gases, vapores, líquidos, pó, sólidos).
  • Conteúdo e recomendações da FISPQ – Ficha de Informação de Segurança de Produtos Químicos e da rotulagem das substâncias utilizadas.
  •  Requisitos da legislação em vigor sobre a forma de fazer o trabalho, instalações, máquinas e substâncias utilizadas.
  • Medidas de controlo existentes.
  •  Ações corretivas com base no histórico de incidentes, acidentes, doenças ocupacionais decorrentes da atividade desenvolvida equipamentos e, substâncias utilizadas nos processos produtivos. A informação deve ser procurada dentro e fora da organização;
  •  Formas de gerenciamento dos riscos relacionadas com as atividades existentes;
  • Organização do trabalho.


Análise de Risco

Identificação do Perigo
Podemos adotar três questionamentos básicos para identificação do perigo, são eles:
A.                 Existe uma ou mais fontes geradoras de dano?
B.                 O que (ou quem) pode ser danificado?
C.                 Como podem ocorrer os danos?

A fim de auxiliar no processo de identificação de perigos, é uma boa prática classificá-los de diferentes maneiras, por exemplo, por temas: mecânica, elétrica, radiação, produtos químicos, incêndios, explosões, etc...

De maneira geral, com vistas a complementar a identificação de perigo, podemos adotar uma lista de perguntas, como por exemplo: Durante as atividades de trabalho, quais são os perigos existentes?  

  • Contusões e cortes;
  • Queda do mesmo nível;
  • Queda de pessoas em desníveis;
  • Queda de ferramentas, materiais, etc., em atividades realizadas em altura;
  • Arranjo físico inadequado;
  • Atividades em confinamento;
  • Riscos associados à movimentação manual de cargas;
  •  Riscos em instalações e máquinas associados com a montagem, transporte, operação, manutenção, transformação, reparação e remoção de insumos produtivos e/ou inerentes à natureza do serviço prestado;
  • Transportes veiculares perigosos, tanto o transporte interno e transporte rodoviário;
  • Ocorrência de incêndios e explosões;
  • Substâncias que podem causar dano ao serem inaladas;
  • Substâncias ou agentes que podem danificar os olhos;
  • Substâncias que podem causar danos por contato ou absorção através da pele;
  •  Substâncias que podem causar danos quando ingerido;
  • Fontes de energia perigosas, como por exemplo, eletricidade, radiação, ruído e          vibração;
  • Perturbações musculoesqueléticas resultantes de movimentos repetitivos;
  •  Ambiente térmico inadequado;
  •  Iluminação inadequada;
  • Rotas de fuga e de ações emergenciais obstruídas, inadequadas ou inexistentes.

 As perguntas acima não são exaustivas, porém, norteadoras, para que uma análise de riscos seja minimamente suportada por informações basais que auxiliem na percepção dos fatores que impactam as atividades de trabalho, na segurança dos trabalhadores e das instalações.

Estimativa do risco

Determinando a severidade do dano
Para determinar a gravidade potencial dos danos devem ser considerados:
a) as partes do corpo que serão afetados;
b) natureza do dano, graduando-o de ligeiramente danoso até extremamente danoso.

Exemplos de ligeiramente danoso (LD):
• danos superficiais: pequenos cortes e contusões, poeira que provocam irritação nos olhos;
• desconforto e irritação, por exemplo: dor de cabeça.
  
Exemplos de danoso (D):
• lacerações, queimaduras, choques, entorses, fraturas importantes menores.
• A surdez, dermatite, asma, desordens músculo-esqueléticas, uma doença que leva a uma deficiência menor.

Exemplos de extremamente danoso (ED):
• As amputações, fraturas principais, envenenamento, lesões múltiplas, lesões fatais.
• Câncer e outras doenças crónicas que encurtam drasticamente a vida ou incapacidade permanente para o exercício do trabalho.

Probabilidade da ocorrência do dano
A probabilidade de que o dano ocorra pode mudar de baixa para alta, com os seguintes critérios:

Alta probabilidade: o dano ocorrerá sempre ou quase sempre;
probabilidade média: o dano ocorrerá em algumas ocasiões;
Baixa probabilidade: o dano irá ocorrer raramente.

Ao estabelecermos a probabilidade da ocorrência de danos, devemos considerar as medidas de controle implementadas, sua efetividade, aspectos legais e de boas práticas e medidas de controle específicas, sejam de cunho administrativo ou de engenharia.

Além das informações sobre as atividades de trabalho, devemos considerar outros fatores, como:

  1. Trabalhadores particularmente sensíveis a certos riscos (características pessoais ou da condição biológica);
  2. A frequência da exposição ao perigo (habitualidade, eventualidade e ocasionalidade);
  3. Falhas na operação dos processos e/ou serviços;
  4.   Problemas nas instalações, componentes de máquinas e equipamentos, bem como seus dispositivos de segurança;
  5. Os processos de trabalho e a exposição do trabalhador aos elementos de máquinas, equipamentos sem proteção e condições gerais dos postos de trabalho.
  6. Capacidade protetiva do EPI e o tempo de uso deste equipamento;
  7. Histórico e/ou registro de atividades realizadas abaixo dos padrões previamente estabelecidos, incidentes e acidentes.





Tabela de Níveis de Risco



CONSEQUÊNCIAS
Ligeiramente danoso
(LD)
Danoso
(D)
Extremamente danoso
(ED)
PROBABILIDADE

BAIXA (B)

Risco trivial         (T)
Risco Tolerável (TO)
Risco moderado
(MO)

MÉDIA (M)

Risco Tolerável (TO)
Risco moderado
(MO)
Risco importante
(I)

ALTA (A)

Risco moderado
(MO)
Risco importante
(I)
Risco intolerável
(IN)

 Avaliação e tomada de decisão sobre a tolerabilidade dos riscos
Os níveis de risco indicados na tabela acima, constituem uma base para tomada de decisão para introdução de novos controles e melhoria dos existentes, e nortear um as ações referentes aos prazos para implementações de ações recomendadas em programas de prevenção e gerenciamento de riscos. A tabela também indica os esforços necessários para controlar os riscos e a urgência com que eles devem ser implementados de maneira proporcional aos riscos analisados.
    
Riscos
Ações e tempo especificado
Trivial (T)
Não se requer ação específica
Tolerável (TO)
Não há necessidade de melhorar a ação preventiva. Porém deve ser considerada a implementação de mais soluções de baixo custo ou melhorias que não apresente um peso econômico significativo. Verificações periódicas são necessárias para garantir que a eficácia das medidas de controle que estão sendo mantidas.


Moderado (MO)
Devem ser feitos esforços para reduzir o risco, determinar os investimentos necessários. As medidas para reduzir o risco devem ser implementadas em um período determinado. Quando o risco moderado está associado com consequências extremamente prejudiciais, serão necessárias novas medidas e estudos para estabelecer com maior precisão, a probabilidade de danos, como base para a determinação da necessidade de medidas de controle melhoradas.

Importante (I)
O trabalho não deve ser iniciado até que tenha sido reduzido o risco. Pode exigir recursos consideráveis para o controle de risco. Quando o risco corresponde a um trabalho que está sendo feito, o problema deve ser remediado em menos tempo do que os riscos moderados.

Intolerável (IN)
Não se deve começar ou continuar o trabalho até que haja redução do risco. Se não é possível se reduzir o risco, mesmo com recursos ilimitados, o trabalho dever ser paralisado de modo imediato e sua continuidade proibida até a implementação de soluções que garantam a integridade física e saúde dos trabalhadores.


Traduzido e adaptado de: http://www.insht.es/portal/site/Insht/ 
Por Fabio Alexandre Dias 

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Compostos Orgânicos Voláteis - COVs

Em um passado recente uma substância comumente utilizada para alisamento dos cabelos era o formaldeído, aplicado sobre os cabelos nas famosas escovas progressivas. O formaldeído faz parte de um grupo de substâncias mais amplo conhecido e classificado como COVs – Compostos Orgânicos Voláteis.  Uma de suas maiores aplicações está relacionada à área industrial como solventes orgânicos. Tal aplicação coloca em evidência a necessidade de estudos relacionados à suas características devido à capacidade destas substâncias agirem sobre o sistema biológico dos trabalhadores devido a sua toxicidade, ou seja, característica de uma molécula ou composto produzir um efeito adverso no indivíduo.

Mas o que seria um efeito adverso? De maneira simples, uma oxidação celular gerada pela ação de um dado solvente que por via respiratória ou contato acessou o compartimento central (sangue) do individuo exposto. Efeitos narcóticos relacionados à supressão do SNC – Sistema Nervoso Central, etc.

As principais vias de ação dos COVs são a dérmica e a respiratória que potencializam os riscos e perigos em plantas industriais dos mais variados seguimentos.  O potencial de dano destas substancias estarão relacionados a diversos fatores, dentre eles: susceptibilidade individual, tipo de exposição, aguda ou crônica, fatores sinérgicos, etc.

Tomando como base o formaldeído teríamos um limite de exposição de curta duração (STEL), de 0,3 ppm ( partes de vapor ou gás por milhões de partes do ar contaminado por volume, nas CNTP – Condições Normais de Temperatura e Pressão) , segundo a ACHIG – American Conference of Governamental Industrial Hygienistis. Que representa um valor médio que não pode ser ultrapassado em ciclos de 15 minutos durante toda a jornada de trabalho. Também classificado como sensibilizante dérmico e respiratório, além de ser um suspeito carcinogênico humano.

Os COVs não estão distantes de nós em nossa vida cotidiana, sendo mais presentes do que imaginamos. Acetona, Álcool Isopropílico, Solventes e Vernizes, Combustíveis Fósseis, etc. são apenas algumas substâncias que serão mais ou menos percebidas por uma pessoa leiga em ambientes semiconfinados e com pouca ventilação.  Devemos ter atenção no uso e seguirmos as recomendações dos fabricantes de modo integral.

No caso do formaldeído, segundo a FISPQ – Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos de um grande fabricante, percebemos que estudos em animais trazem classificações de letalidade a partir de determinadas condições caso a exposição ocorra por via oral, cutânea ou respiratória. Voltando ao exemplo da escova progressiva praticada com formaldeído, teríamos a exposição cutânea e respiratória, potencializada pelo aquecimento com a famosa “chapinha” e de modo cutâneo pela capilaridade e adsorção do contaminante pelos fios de cabelo chegando à epiderme, folículos, etc.

  Atualmente a indústria cosmética substitui o formaldeído por um ácido chamado glioxílico que teoricamente só desprenderia formaldeído a temperaturas acima de 500ºC, porém muito se discuti sobre está questão.

Em oficinas mecânicas e funilarias de bairro percebemos uma intensa exposição aos COVs , devido a prática de trabalho sem nenhum critério ou proteção individual. Na maioria dos casos os trabalhadores desconhecem os efeitos adversos das substâncias e se “resguardam” no mito do copo com leite, supondo erroneamente que o mesmo inibe algum efeito adverso.

A falta de informação e educação sobre o convívio seguro com substâncias químicas tem impactado os indicadores de saúde pública, onde nem sempre o nexo causal foi corretamente determinado pela CID – Classificação Internacional de Doenças, pela omissão de informações por parte dos pacientes e despreparo de muitos profissionais no momento de uma anamnese (entrevista realizada pelo profissional de saúde ao seu paciente).


Nas indústrias o SESMT – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho é responsável pela gestão do risco e da saúde dos trabalhadores. Devendo chamar para si está responsabilidade e não apenas terceirizá-la a falta de dinâmica de muitos empregadores. Ações simples fazem toda a diferença e nem sempre existe a necessidade de grandes orçamentos para uma mudança de cultura corporativa. 

Por Fabio Alexandre Dias 11/02/2016 

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Cimento Portland e a Dermatite de Contato Irritativa - DCI.

Uma das profissões mais populares existentes em nossa sociedade é a do pedreiro. Um ofício muitas vezes passado de pais para filhos e também falamos de um tipo de atividade de trabalho árduo e pesado. A grande maioria destes profissionais atuam de maneira informal em condições precárias em relação à saúde e segurança no trabalho. Geralmente prestam serviços a Pessoas Físicas que não firmam contrato de prestação de serviços e não formalizam a contratação de mão de obra gerando prejuízo para ambas as partes, principalmente em relação à execução dos processos construtivos dentro dos parâmetros de segurança no trabalho estabelecidos por Lei.
 Outro aspecto importante é o cultural, devido a estes profissionais terem desenvolvidos suas competências de modo incompleto em relação aos riscos a segurança e saúde que envolve suas atividades e a importância dos equipamentos de proteção individual – EPIs.  
Uma das matérias-primas mais utilizadas por eles é o cimento Portland. Em vias gerais, produto químico que apresenta riscos respiratórios, oculares e de contato, sendo o último nosso foco neste artigo.
Após mistura, em sua forma de pasta ele apresenta um alto pH, assumindo assim propriedades alcalinas potencializas pela umidade e por suas características abrasivas, ou seja, a substância pode gerar eczemas pelo contato, além de estimular processos infecciosos e aumento das lesões pela abrasão. Está é uma das causas do surgimento da DCI – Dermatite de Contato Irritativa, nos pedreiros, comumente desenvolvidas no dorso dos dedos e no dorso dos pés.  
As DCIs são apenas uma das classificações das dermatoses de contato possíveis, porém, ocorrem com maior frequência. Outros fatores, como dermatoses pré-existentes não relacionadas com o trabalho podem potencializar uma DCI, assim como o tempo de exposição ao agente e fatores ligados à higiene pessoal em caso de contato. Outros fatores como a suscetibilidade individual influenciam no surgimento de dermatites de contato por irritação.
Para se evitar o contato com a pele, luvas e botas impermeáveis devem ser utilizadas. Recomenda-se que tais luvas apresentem resistência a abrasão, uma vez que as tarefas executadas apresentam manuseio de insumos abrasivos e ferramentas manuais que podem comprometer a vida útil do equipamento se não adquiridas de acordo. O mesmo cuidado deve-se ter com as botas adquiridas e sua capacidade impermeabilizante.
O problema da exposição continuada é o agravo da dermatite prolongando o tempo de tratamento e em alguns casos incapacitando o trabalhador em sua atividade. Esta situação ilustra a importância das ações educativas na área de segurança e saúde no trabalho e como nós, profissionais da área, devemos fomentar o conhecimento e simplificá-lo.

Ser pedreiro é um nobre ofício, porém um ofício mais difundido nas camadas mais humildes da sociedade, onde nem sempre há o pleno acesso à educação básica, ainda menos a profissionalizante. Compete a nós a propagação e difusão de informações básicas necessárias para conscientização do risco que envolve as atividades de trabalho destes profissionais, implicações à saúde e medidas de controle possíveis de serem adotadas. 

Por Fabio Alexandre Dias 10/10/2016

sábado, 3 de setembro de 2016

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Exposição Ocupacional ao Fumo Asfáltico




É comum na cidade de São Paulo vermos trabalhadores tapando buracos nas avenidas e rodovias principais. Também é comum vermos trabalhadores sem proteção alguma desenvolvendo está atividade. Será que a causa é a falta de fiscalização dos municípios e estados em relação a seus prestadores serviços? Um dos problemas são os danos que os fumos oriundos dos processos de pavimentação asfálticos geram a saúde dos trabalhadores.  


A primeira pergunta que paira em nossas mentes é a seguinte: O que são fumos? Fumos são aerodispersóides gerados termicamente, constituídos de partículas sólidas formadas pela condensação de vapores, geralmente após volatilização de substância sólida fundida.

A exposição ao risco ocorre quando estes fumos alcançam a zona respiratória dos trabalhadores, sendo inalados e suas partículas alojando-se ao longo do sistema respiratório em micro frações, que variam de tamanho, podendo futuramente gerar danos à saúde dos trabalhadores devido a uma exposição crônica.

O asfalto é um resíduo derivado de Petróleo, também comumente conhecido como piche e betume, sendo uma mistura composta de diversas substancias, das quais destacaremos os Hidrocarbonatos Aromáticos Policíclicos -  (HAP) que são capazes de reagir, após processos de biotransformação,  ativando as enzimas do citocromo P450, causando danos ao DNA tornando-se potenciais carcinogênicos e mutagênicos. Para maiores informações uma consulta pode ser feita na base de dados da International Agency for Research on Cancer – IARC em  http://www.cancer-environnement.fr/479-Classification-par-localisations-cancereuses.ce.aspx. 

O betume asfáltico está classificado como agente de orientação limitada, ou seja, foi estabelecido nexo causal (evidência suficiente para relacionar a patologia com causa provável na exposição do trabalhador ao agente de risco), porém, fatores de interferência e casuais não podem ser descartados para explicar o aparecimento do câncer.

Quando temos este cenário é importante que façamos uma coleta amostral da exposição dos trabalhadores aos fumos oriundos dos processos de pavimentação asfálticos ou de manutenção das rodovias para aferirmos os níveis de exposição a que estão submetidos. Após os resultados, podemos complementar ações para redução ou melhoria dos cenários de exposição que devem ser analisados criteriosamente, pois, do contrário, apenas teremos em mãos formulários e resultados sem conseguirmos interpretá-los de modo técnico para ações assertivas.

É sempre importante lembrar que os aspectos metodológicos para a coleta das amostras devem ser amplamente respeitados. Para maiores informações a base de dados do National Institute for Occupational Safety and Health  - NIOSH pode ser consultada. No caso do fumo asfáltico o método mais adequado é o NIOSH 5042 que pode ser encontrado em https://www.cdc.gov/niosh/nioshtic-2/20043981.html e https://www.cdc.gov/niosh/npg/npgd0042.html

Nós, profissionais da área de Segurança e Saúde no Trabalho, temos o dever de orientarmos tanto os empregadores como os trabalhadores a respeito das medidas preventivas a serem tomadas para redução da exposição ocupacional dos trabalhadores, assim como conscientizá-los da importância do uso dos equipamentos de proteção individual, uma vez que fornecidos.  

  
Fabio Alexandre Dias 23/07/2016

quinta-feira, 26 de maio de 2016

ARAC, o que é isso?

Tenho percebido que muitos profissionais da área técnica em segurança no trabalho não compreendem o que é a sigla ARAC e nem o que ela representa.
Esta percepção tem se fortalecido em diálogos com profissionais da área, principalmente com os Técnicos em Segurança do Trabalho, o que me faz refletir em relação a diversas questões como, por exemplo, a qualidade da formação destes profissionais e o interesse destes profissionais em relação à necessidade de possuírem o domínio dos saberes básicos de sua profissão. Enfim, mais uma série de outras questões poderiam ser abordadas.
Antecipação, Reconhecimento, Avaliação e Controle – ARAC, são ações ordenadas e sistematizadas que têm por finalidade servir como instrumento central e basal dos processos de gerenciamento de riscos e perigos nas organizações, no que tange a estruturação de programas e demais ações técnicas – administrativas, etc. Portanto, a ARAC, representa muito mais do que uma etapa processual para construção de um programa de gestão, mas ela pode ser entendida como uma estrutura cognitiva de significado, que tem a capacidade de elencar o conhecimento do profissional de segurança do trabalho com sua rotina de trabalho e cenários de exposição dos trabalhadores sob sua responsabilidade. Ou seja, os profissionais da área de SST não podem deixar jamais de se atualizarem e se desafiarem em relação a novos saberes, buscarem a compreensão de novos processos de trabalho e situações de exposição dos trabalhadores a agentes de risco e perigos, ampliando e aprofundando o seu conhecimento fora de uma zona de conforto, de domínio cotidiano por mera repetição.
Sem dúvida, este é um autoexame que primeiramente pratico, mas que gostaria de compartilhar, com a finalidade de ascender um farol amarelo de atenção em relação a nossa prática profissional que envolve vidas de trabalhadores que precisam voltar bem para suas famílias. Segurança do Trabalho se aprende, mas assim como em qualquer outra área de conhecimento existem vocacionados que fazem do seu ofício uma missão e não apenas uma profissão. Independente de sermos vocacionados ou não temos que ser profissionais e a nossa constante evolução na gestão e gerenciamento de riscos e perigos é uma questão de postura e ética! Porque vidas de pessoas que necessitam trabalhar de maneira segura estão inseridas no contexto da necessidade da melhoria contínua das nossas ações profissionais.
As empresas precisam promover ações de atualização e capacitação dos profissionais da área de SST, elas não estão isentas desta responsabilidade! É o cuidar de quem cuida! Frase muito próxima a minha vida cotidiana, porém em outros contextos, mas que se aplica perfeitamente a nós profissionais. Porém, não podemos esperar das empresas que não possuem uma visão de compromisso com os profissionais de SST está ação, devemos buscar apoio em grupos de relacionamento profissional e trocarmos conhecimento. Não agindo de modo oportunista como muitos têm feito monopolizando conhecimento e vendendo de modo fragmentado a valores exorbitantes.  Temos que fomentar o conhecimento entre nós para melhoria das ações segurança, saúde e qualidade de vida nas empresas.

Fabio Alexandre Dias 26/05/2016