Prevenção e Comunicação de Risco

Sem dúvida o locus da ação dos profissionais de saúde e segurança no trabalho.

Gerenciamento de Riscos

Fundamental para a redução de perdas.

Saúde e Segurança

Conectadas em prol de nossos trabalhadores.

Higiene Ocupacional e Toxicologia

Ciências unidas na qualificação e quantificação de agentes ambientais.

Parâmetros Regulatórios e de Controle

A dinâmica do trabalho exige uma constante validação dos processos e análise das tarefas.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Trabalho e Gravidez


       As mulheres a cada dia assumem novos postos de trabalho que tradicionalmente eram ocupados por homens nos mais variados ramos de atividades. A atenção das mulheres em acompanharem detalhes e a capacidade de conseguirem reter a concentração nas tarefas a elas delegadas fazem delas verdadeiras “pérolas“ estratégicas nas linhas de produção. Porém a atuação e o papel das mulheres em frentes de trabalho não é recente, tomemos como exemplo o trabalho feminino nas fábricas de tecido ao final do século XIX e início do século XX. 
           A grande diferença entre a participação das mulheres era que no passado as empresas eram em sua grande maioria gerenciadas por homens e as mulheres eram contratadas e muitas vezes submetidas a condições precárias de trabalho e, em alguns casos, tratadas como a “mulher submissa e obediente” de dentro de casa, ou seja, sem direitos a participar ativamente das decisões que envolviam sua própria vida na maioria das vezes.  Atualmente o papel da mulher é totalmente diferente, embora ainda nos deparemos com situações semelhantes as do passado, atualmente a mulher se estabelece em posições gerenciais e também na linhas de produção. Embora as mulheres tenham buscado e encontrado seu espaço, existe algo que elas sempre irão preservar: sua maternidade e a capacidade de gerar outra vida. Sem dúvida alguma uma virtude e uma grande alegria para muitas mulheres. A grande questão é: Existe riscos em processos de produção que podem gerar implicações ao feto durante a gravidez? A resposta é: Sim existem! Cito os teratógenos, que são agentes exógenos que podem causar defeitos congênitos, como por exemplo, substâncias químicas (PCBs, metil mercúrio, álcoois, etc.), exposição a radiações ionizantes, etc.                   

             O grande problema é que as possíveis desordens genéticas são mais comuns na fase embrionária porque o embrião fica vulnerável por possuir mecanismos limitados de destoxificação. Nos casos em que a gravidez não é programada o acompanhamento e casual nas primeiras semanas, ou seja, importantes para o feto e sua maturação. Outros fatores são importantes e devem ser levados em consideração: Processos infecciosos, desordens biológicas maternas, radiações terapêuticas e a administração de fármacos durante a gestação, sendo assim, percebe-se a necessidade da implantação de campanhas educativas nas empresas sob a temática proposta. Infelizmente, muitas mulheres sentem-se inseguras em informar que se encontram gestantes, temerosas com as reações de seus empregadores, principalmente quando o trabalho é prestado de maneira informal, porque atualmente muitas compartilham com seus cônjuges a manutenção da renda familiar. 
          A área de Segurança do Trabalho, Saúde e Qualidade de Vida e Recursos Humanos nunca foram tão importantes para este no modelo social e de trabalho. Pois a ação para preservação da saúde da trabalhadora e de seu feto, durante o processo gestacional, depende de um trabalho amplo e em equipe para a propiciação de um ambiente digno e salubre de trabalho para estas vidas que dependem de nossa conscientização em primeiro lugar, capacitação para a identificação dos cenários de exposição que se apresentam e de nosso cuidado, pois o maior patrimônio das empresas e das grandes organizações são as pessoas que as constituem.  

Aos Técnicos em Segurança do Trabalho, cabe primeiramente a colaboração na identificação e análise de riscos dentro de equipes multidisciplinares com o objetivo da realocação, quando necessária, das gestantes que se encontram em tais condições. O período de lactância, após o nascimento do bebê deve ser levado em consideração, pois algumas substâncias podem ser excretadas pela glândula mamária e trazerem graves prejuízos à criança, principalmente nos três primeiros meses de vida, onde seu sistema imunológico não está completamente formado. 
No ano de 2004, foi estabelecido no Brasil o Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal envolvendo o Ministério da Saúde em suas Secretarias de Atenção a Saúde e Vigilância em Saúde, Governo Federal e Comitês de Prevenção do Óbito Infantil e Fetal, etc.
            Esta temática faz parte das Metas do Desenvolvimento do Milênio em compromisso assumido pelos países que integram a Organização das Nações Unidas (ONU), do qual o Brasil faz parte. Todos nós somos responsáveis, nós somos o Brasil!  Se pudéssemos resumir em uma palavra a nossa atuação como profissionais de segurança e saúde no trabalho, ela seria prevenção, creio ser o cerne de nossa atuação e devemos extrapolar nossas simples rotinas agindo com dedicação extrema para a valorização da vida.

Por: Fabio Alexandre Dias 

Trabalho a Céu Aberto - Frio e Umidade


           Quando falamos de trabalho a céu aberto, na maioria das vezes, associamos ao calor oriundo de uma fonte natural (sol) e das possíveis queimaduras de pele que uma exposição prolongada pode causar, a desidratação, etc. Entretanto, estes não são os únicos riscos provenientes desta forma de execução de atividades de trabalho. A queda da temperatura central do indivíduo que é de 37ºC (faixa ideal ou temperatura normal), pode ocasionar uma série de reações orgânicas que podem perturbar o organismo em sua homeostase, ou seja, prejudicando a capacidade de manter um equilíbrio interno dinâmico e estável.
          Embora o organismo humano possua uma grande capacidade de adaptação, uma troca de calor exponencial entre o corpo e o meio ambiente (área ou região fria) pode ocasionar a perda da temperatura interna central do indivíduo, podendo causar danos à saúde em caso de exposições agudas (intensas).
           Outro fator preponderante é a umidade, que pode potencializar a perda de temperatura interna central do indivíduo principalmenteem cenários onde a sensação térmica intensifica-se pela aceleração         do vento incidente sobre o trabalhador. Quando o mesmo encontra-seinserido neste cenário de exposição sem a devida proteção, como uniformes e vestimentas adequadas, para a manutenção da temperatura interna  central do indivíduo o risco do organismo passar por stress é indubitavelmente intensificado.
           A sudorese durante a execução das tarefas pode prejudicar o trabalhador umidificando o uniforme e/ou vestimenta fornecida pela empresa, nestes casos é importante a manutenção e o fornecimento em quantidades que que possibilite a muda, sendo assim necessária a existência de uma área protegida das intempéries para este fim. Em caso de vestimentas impermeáveis uma área de secagem seria importante.
      Apesar de não estarmos tratando de ambientes condicionados, uma definição da ASHRAE (American Society of Heating, Refrigeratingand Air-ConditioningEngineers) Standard Fundamental 55-92 define o estado de conforto térmico como a condição mental que expressa satisfação com relação ao ambiente térmico (LAMBERTS; XAVIER, 2002). É claro que retratamos outro cenário de exposição, porém nossos esforços como profissionais da área de SST devem ter como premissa a conscientização os empregadores em oferecerem aos trabalhadores condições mínimas de conforto e segurança nas frentes de trabalho.
         Se pensarmos nesta definição como um norte para as ações preventivas para a melhoria das condições de trabalho a céu aberto nos depararemos com um grande desafio.
      A exposição dos trabalhadores sofrerão variações de acordo com as condições climáticas, ambientais e metrológicas das regiões, assim como, características específicas das áreas de execução das tarefas.
Na determinação dos tipos climáticos de Köppen-Geiger (figura) são considerados a sazonalidade e os valores médios anuais e mensais da temperatura do ar e da precipitação. No Brasil a referencia para análise das regiões e classificações das zonas climáticas é o Mapa de Clima do IBGE—Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em : ftp://geoftp.ibge.gov.br/mapas_tematicos/mapas_murais/clima.pdf . Porém, a Classificação de Köppen-Geiger, amplia e sistematiza questões importantes que poderão auxiliar no planejamento holístico de implantação de frentes de trabalho em território nacional.
        Todos sabem que nos períodos mais frios e úmidos temos o aumento de doenças típicas como a gripe e pneumonia, ou seja, a equipe de saúde e segurança das empresas deve pensar em campanhas de imunização de seus funcionários e em ações que fomentem um maior acompanhamento dos trabalhadores nas mais variadas frentes de trabalho.
    Estas ações, assim como o investimentos em proteção individual, infraestrutura, campanhas informativas, etc. , impactam diretamente na redução dos custos ligados ao absenteísmo e consequentemente no andamento e cumprimento das metas ligadas a produção.
        Algumas ações básicas que podemos recomendar:
1. Hidratação constante;
2. Alimentação balanceada - parceria entre médicos e nutricionistas;
3. Uso de produtos de higiene descartáveis (lenços);
4. Na ocasião de pausas e permanência em ambientes fechados para refeições, permitir a circulação e renovação de ar;
5. Priorizar a higienização constante em ambientes comuns, como por exemplo, sanitários;
6. Acompanharde maneira próxima as frentes de trabalho;
7. Garantir a assistência à saúde e ao atendimento a emergências.
Não se engane! Trabalhador com frio fica desatento, sua mobilidade fica restrita devido a dormência nos membros, o raciocínio lógico fica prejudicado em alguns casos, etc. Apenas pelos fatores acima citados percebemos a potencialização dos riscos de acidentes.   
 
Por.: Fabio Alexandre Dias




Trabalho a Céu Aberto - Calor e Radiação UV.


                             

 No mundo milhares de trabalhadores desenvolvem suas atividades a céu aberto, onde o calor, a radiação UV (ultravioleta), frio e umidade, impactam diretamente no desenvolvimento do trabalho e na saúde dos trabalhadores. Sendo assim, medidas de controle são indispensáveis para minimizar a ação destes agentes físicos nos mais variados segmentos produtivos, como por exemplo no trabalho agrícola, portuário, em frentes de trabalho na Indústria de Construção Civil, etc.         No caso do calor intenso, a análise da atividade que esta sendo realizada é fundamental, através dela conseguimos qualificar gastos metabólicos que nos subsidiam em relação à necessidade da hidratação destes trabalhadores. Outro aspecto importante é a análise da região: os horários em que as atividades acontecerão, as características climáticas e variações ao longo da jornada de trabalho. 



Segundo estudos realizados nos Estados Unidos pela EPA - US Environmental Protection Agency  o clima da Terra está mudando e cada vez mais as temperaturas tem se elevado (fig.1), consequentemente a exposição ocupacional tem se acentuado através da análise e inter-relação entre o trabalho a céu aberto e o meio ambiente.
Segundo o INCA- Instituto Nacional de Câncer, no Brasil o Câncer mais frequente é o de pele, correspondendo a cerca de 25% de todos os tumores diagnosticados em todas as regiões geográficas, sendo a radiação ultravioleta natural (vinda do sol) seu maior agente etiológico.
  As radiações solares são classificadas pelo comprimento de onda ultravioleta em nanômetros (nm) da seguinte forma: UVA (320-400 nm), UVB (280-320 nm), UVC (100 - 280 nm) aproximadamente, em que a exposição a  radiação UVB é mais frequentes devido a destruição da camada de ozônio. 


No Brasil, a NR –15 — Anexo Nº 3, estabelece limites de exposição para o calor para trabalhos realizados em ambientes externos com carga solar e a NR - 21, estabelece condições mínimas para a realização de trabalhos a céu aberto
                                                                 A OMS - Organização Mundial de Saúde classifica o índice radiação ultravioleta de 1 a 11 subdivido conforme eixo das ordenadas e cores no gráfico abaixo, onde adotamos como exemplo de aplicação  a Cidade de São Paulo, o mesmo também faz relação em função do tempo e dos aspectos meteorológicos.

Apropriar-se destas informações, torna-se extremamente relevante se pensarmos nas ações preventivas e nos referenciais para o planejamento e tomada de decisão nas ações de saúde e segurança no trabalho.

Atualmente no mercado brasileiro existe uma série de fabricantes de cremes para proteção da pela contra as radiações ultravioletas que auxiliam consideravelmente na redução da exposição ocupacional de nossos trabalhadores. Um fator agravante, na maioria das vezes, é a falta de planejamento e previsão orçamentária para o fornecimento desta proteção aos trabalhadores, infelizmente esta situação ocorre em muitas empresas

Na escolha do creme de proteção, deve ser considerado o FPS - Fator de Proteção Solar, que supra a necessidade do trabalhador exposto, sendo o Técnico de Segurança do Trabalho, membro ativo dentro das equipes multidisciplinares no fomento das discussões técnicas para tomada de decisão, uma vez que grande parte dos trabalhadores não detém a informação sobre sua própria condição de exposição ocupacional na realização das mais variadas tarefas. 

  Algumas questões básicas a serem respondidas para o planejamento orçamentário e fornecimento de creme protetor para o trabalhador:

1. Quantos trabalhadores terei em cada frente de trabalho?
2. Em qual período do dia acontecerão atividades a céu aberto? E qual é o FPS recomendado?
3. Qual será o tempo previsto para desenvolvimento da tarefa (dias, meses ou anos)?
4. Qual o custo do creme de proteção e sua relação custo x benefício? ...

Outro fator importantíssimo é a realização de treinamento e capacitação do trabalhador. Embora pareça simples, a aplicação de cremes protetores sobre a pele demandam cuidados importantes para que esta ocorra de forma efetiva e não ocorra desperdício.
Lembrando sempre que toda ação educativa também deve ser registrada, pois as Empresas que cumprem as leis e agem na direção da melhoria da qualidade de vida no trabalho, devem possuir documentos comprobatórios de suas ações.  

   Por.: Fabio Alexandre Dias

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