quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Trabalho a Céu Aberto - Frio e Umidade


           Quando falamos de trabalho a céu aberto, na maioria das vezes, associamos ao calor oriundo de uma fonte natural (sol) e das possíveis queimaduras de pele que uma exposição prolongada pode causar, a desidratação, etc. Entretanto, estes não são os únicos riscos provenientes desta forma de execução de atividades de trabalho. A queda da temperatura central do indivíduo que é de 37ºC (faixa ideal ou temperatura normal), pode ocasionar uma série de reações orgânicas que podem perturbar o organismo em sua homeostase, ou seja, prejudicando a capacidade de manter um equilíbrio interno dinâmico e estável.
          Embora o organismo humano possua uma grande capacidade de adaptação, uma troca de calor exponencial entre o corpo e o meio ambiente (área ou região fria) pode ocasionar a perda da temperatura interna central do indivíduo, podendo causar danos à saúde em caso de exposições agudas (intensas).
           Outro fator preponderante é a umidade, que pode potencializar a perda de temperatura interna central do indivíduo principalmenteem cenários onde a sensação térmica intensifica-se pela aceleração         do vento incidente sobre o trabalhador. Quando o mesmo encontra-seinserido neste cenário de exposição sem a devida proteção, como uniformes e vestimentas adequadas, para a manutenção da temperatura interna  central do indivíduo o risco do organismo passar por stress é indubitavelmente intensificado.
           A sudorese durante a execução das tarefas pode prejudicar o trabalhador umidificando o uniforme e/ou vestimenta fornecida pela empresa, nestes casos é importante a manutenção e o fornecimento em quantidades que que possibilite a muda, sendo assim necessária a existência de uma área protegida das intempéries para este fim. Em caso de vestimentas impermeáveis uma área de secagem seria importante.
      Apesar de não estarmos tratando de ambientes condicionados, uma definição da ASHRAE (American Society of Heating, Refrigeratingand Air-ConditioningEngineers) Standard Fundamental 55-92 define o estado de conforto térmico como a condição mental que expressa satisfação com relação ao ambiente térmico (LAMBERTS; XAVIER, 2002). É claro que retratamos outro cenário de exposição, porém nossos esforços como profissionais da área de SST devem ter como premissa a conscientização os empregadores em oferecerem aos trabalhadores condições mínimas de conforto e segurança nas frentes de trabalho.
         Se pensarmos nesta definição como um norte para as ações preventivas para a melhoria das condições de trabalho a céu aberto nos depararemos com um grande desafio.
      A exposição dos trabalhadores sofrerão variações de acordo com as condições climáticas, ambientais e metrológicas das regiões, assim como, características específicas das áreas de execução das tarefas.
Na determinação dos tipos climáticos de Köppen-Geiger (figura) são considerados a sazonalidade e os valores médios anuais e mensais da temperatura do ar e da precipitação. No Brasil a referencia para análise das regiões e classificações das zonas climáticas é o Mapa de Clima do IBGE—Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em : ftp://geoftp.ibge.gov.br/mapas_tematicos/mapas_murais/clima.pdf . Porém, a Classificação de Köppen-Geiger, amplia e sistematiza questões importantes que poderão auxiliar no planejamento holístico de implantação de frentes de trabalho em território nacional.
        Todos sabem que nos períodos mais frios e úmidos temos o aumento de doenças típicas como a gripe e pneumonia, ou seja, a equipe de saúde e segurança das empresas deve pensar em campanhas de imunização de seus funcionários e em ações que fomentem um maior acompanhamento dos trabalhadores nas mais variadas frentes de trabalho.
    Estas ações, assim como o investimentos em proteção individual, infraestrutura, campanhas informativas, etc. , impactam diretamente na redução dos custos ligados ao absenteísmo e consequentemente no andamento e cumprimento das metas ligadas a produção.
        Algumas ações básicas que podemos recomendar:
1. Hidratação constante;
2. Alimentação balanceada - parceria entre médicos e nutricionistas;
3. Uso de produtos de higiene descartáveis (lenços);
4. Na ocasião de pausas e permanência em ambientes fechados para refeições, permitir a circulação e renovação de ar;
5. Priorizar a higienização constante em ambientes comuns, como por exemplo, sanitários;
6. Acompanharde maneira próxima as frentes de trabalho;
7. Garantir a assistência à saúde e ao atendimento a emergências.
Não se engane! Trabalhador com frio fica desatento, sua mobilidade fica restrita devido a dormência nos membros, o raciocínio lógico fica prejudicado em alguns casos, etc. Apenas pelos fatores acima citados percebemos a potencialização dos riscos de acidentes.   
 
Por.: Fabio Alexandre Dias




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